Região

Em Sinop funerária e segurança são alvos de ação por esquema para captar corpos


A funerária Renascer em Sinop (a 500 km de Cuiabá) é alvo da operação Rip Money, deflagrada na manhã desta quarta (1), pela Polícia Civil. A ação investiga uma associação criminosa que supostamente direcionava pessoas com parentes mortos às prestadoras de serviços funerários. Estão sendo cumpridos mandados em Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde. Um segurança de um hospital regional é alvo da ação.

Depoimentos coletados durante a investigação apontaram que W.B.S. teria apresentado uma negociação com uma funerária para obter o percentual de 15% do valor total que a empresa cobraria para fazer um translado fora do município. Caso a pessoa que morresse fosse sepultada em Sorriso, o valor fixo cobrado seria de R$ 500.

De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi instaurado no ano passado e investigou os crimes de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e usurpação de função pública cometido pelos investigados, entre eles, um homem que trabalha como vigilante de um hospital público no município.

A operação cumpre buscas domiciliares em três endereços dos investigados e também medidas cautelares que determinaram o afastamento da função de vigilante e também de se aproximar dos hospitais e dos demais investigados.


Conforme informações da assessoria de imprensa da Polícia Civil, um vigilante se oferecia para encaminhar corpos de pessoas que morreram nos hospitais 13 de Maio e Regional de Sorriso e nos hospitais Santo Antônio e Regional de Sinop a funerárias das cidades, que são alvos da investigação. Além disso, ele cobrava um percentual de cada uma das empresas com quem tinha "um acordo". 

 A Polícia Civil apurou ainda que o investigado já tinha uma ‘parceria’ com uma funerária de Sorriso e com outras duas de Lucas do Rio Verde e de Sinop, porém, com essas o valor cobrado era fixado em 10%, em acordo direto com os proprietários. 

A investigação apontou ainda que, durante a tentativa de abrir mais uma negociação escusa com uma funerária, o investigado disse que tinha informações de quando havia óbitos nos hospitais e do estado de saúde de pacientes que estavam na UTI em estágio terminal. 

Ele contou ainda que estava passando os mortos dos hospitais Santo Antônio e Regional de Sinop a uma funerária já acordada, mas que tinha a intenção de passar os óbitos do Hospital Treze de Maio à funerária que denunciou o esquema. 

Captação ainda em vida

A investigação da Delegacia de Sorriso reuniu informações que demonstram que o vigilante fez negociação de direcionamento de serviços funerários de dois pacientes que ainda vivos, sob o argumento de que ‘a família tem dinheiro’ e de que as pessoas estavam ‘desenganadas pelos médicos’. 

Depois, ele explicou como deveria ser feita a aproximação das famílias em luto. Para isso, procurava se aproximar em momentos de mais sensibilidade dos familiares se passando por funcionários da Perícia Técnica Oficial (Politec-MT), a fim de ter acesso a dados pessoais e contatos telefônicos. 

O investigado também disse em certa ocasião, demonstrando alegria: “pelo desespero da família aqui, acho que veio a óbito. Já vou descer lá”,disse, ao explicar como deveria ser a abordagem aos familiares de pacientes.

Crimes 

A Polícia Civil apurou também que dois proprietários de funerárias fizeram propostas ao vigilante para que os corpos dos hospitais públicos de Sinop fossem direcionados a suas empresas, o que caracterizou o crime de corrupção ativa. 

Já o vigilante é investigado por associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e usurpação de função pública, este último por se fazer passar por servidor da Politec. 

A operação tem como objetivo apreender materiais que possam reforçar a investigação e permitir à Polícia Civil identificar os agentes estatais que integram a associação criminosa. 

Nome da operação 

Rip é a sigla em latim para a expressão ‘requiescat in pace’, epitáfio que significa descanse em paz.

Fonte: RDNEWS

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